Demissões voluntárias seguem como tendência

Por Jéssica Dourado

Redatora na Caderno Nacional

Publicado em 04/04/2024. Atualizado em 04/04/2024

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Os números de demissões voluntárias têm crescido nos últimos anos. No entanto, isto tem partido dos trabalhadores e não das empresas. Veja mais sobre.

Um grande medo dos trabalhadores de carteira assinada é a demissão em massa, e ultimamente temos visto muitos layoffs acontecendo em empresas de grandes nomes. No entanto, outro grande desafio do mercado são as demissões voluntárias.


Motivadas por diversos fatores, essas demissões cresceram nos últimos anos e deixam os trabalhadores preocupados, sem saber exatamente qual caminho seguir. Se antes as empresas que induziam os funcionários a pedirem o desligamento, agora muitos o fazem por conta própria.


Quer saber mais sobre o assunto? Então siga conosco neste artigo do Caderno Nacional e fique por dentro das novidades e tendências do ecossistema corporativo e como podem impactar o mercado de trabalho.

Como são caracterizadas as demissões voluntárias? 


Muitos conhecem essa modalidade de demissão como uma proposta da empresa para que o trabalhador peça seu desligamento de forma espontânea. Normalmente, a organização oferece um pacote de vantagens, condições favoráveis para que o funcionário peça demissão.


Nesse cenário citado acima, essa ação é colocada em prática quando a instituição precisa reduzir o quadro de funcionários e demitir um grande volume de colaboradores em um espaço curto de tempo.


Vale ressaltar que essa modalidade de demissão apenas tem a validação jurídica se o acordo entre colaborador e empresa seguir todos os requisitos legais estabelecidos previamente. Ou seja, qualquer coisa fora da legalidade é passível de contestação e até mesmo processo em cima da organização.


O art. 477-b da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), incluído após a Reforma Trabalhista, fala sobre as demissões voluntárias e como devem proceder. O artigo diz que:


“Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual, plúrima ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes”.


No entanto, as demissões voluntárias também são caracterizadas como aquelas que os colaboradores, por vontade própria e sem influência da empresa, solicitam seu desligamento da organização.


Essas demissões são motivadas por diversos fatores que veremos mais a frente. Por enquanto vamos dar uma olhada em como esses números se mostram no cenário nacional.

Cenário de demissões voluntárias no Brasil


Um levantamento divulgado pela CNN Brasil em fevereiro de 2024 nos mostra que o Brasil bateu recordes de demissões voluntárias no ano de 2023. Foram mais de 7 milhões de desligamentos nessa modalidade.


E ao contrário do que esses números podem levar a pensar, esse aumento de demissão por iniciativa do próprio colaborador não indica que aumentou o número de desemprego. Pelo contrário.


A média nacional de desemprego em 2023 foi de 7,8%. Esse número representa a menor em quase dez anos, segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).


Os números ainda apontam que os lugares com mais demissões voluntárias são Santa Catarna e Mato Grosso do Sul. Lugares esses que possuem pequenas taxas de desemprego, 3,6% em Santa Carina, e 4% no Mato Grosso do Sul.


Já no estado de São Paulo, em 2023 6,73 milhões de trabalhadores foram demitidos. Dentro desse número 2,33 milhões se demitiram de forma voluntária. Vale destacar que esses 2,33 milhões representam 34,6% do total, ou seja, um número bem expressivo.

Quem mais adere ao movimento são jovens e pós-graduados 


Ainda de acordo com as estatísticas, quem encorpa mais o volume de demissões voluntárias são jovens e os trabalhadores que possuem pós-graduação.


Entre os colaboradores que possuem o diploma de doutorado, o número de pedidos voluntários para se desligar de uma empresa é de 40,9%. Já no nível de quem possuí mestrado, esse número é de 42%, mesma proporção de trabalhadores que possuem o ensino superior completo.


Somado a tudo isso, a faixa etária que mais pede demissão voluntariamente é a de entre 18 a 24 anos, ou seja, jovens da geração z. Eles representam 39,5% do número total das demissões voluntárias.


Além dessa faixa etária, o movimento é seguido por trabalhadores mais jovens ainda, de até 17 anos. E também pelos mais velhos (mas nem tanto assim), aqueles entre 25 a 29 anos. Esses dois grupos representam 36,5% cada do total de demissões nessa modalidade.

Quais os fatores que levam a tais demissões voluntárias? 


No caso dos trabalhadores que possuem pós-graduação, os motivos que os levam a mudar de emprego costumam ser:


- Falta de plano de carreira;


- Salário abaixo da sua capacitação;


- Desvalorização profissional.


É comum que pós-graduados entrem com grande volume nas estatísticas de demissões voluntárias, porque recebem propostas melhores de outras empresas. Dessa forma, conseguem se desligar com facilidade de um lugar e fazer a transição para outra organização.


Já os jovens que compõem esses números têm motivações um pouco diferentes. Eles buscam mais flexibilidade em horário, em condições de trabalho, buscam um tipo diferente de valorização no trabalho.


“O jovem valoriza muito mais a experiência do que a posse, já os seus pais trabalharam por muitos anos para conseguir comprar um carro, conseguir comprar uma casa”, explica Emerson Weslei Dias, autor de libre sobre finanças comportamentais e professor de pós-graduação e MBAs, em entrevista para a CNN Brasil.

Quem deve se preocupar com demissões voluntárias? 


Todas as empresas que desejam ter colaboradores engajados, bem capacitados e que se sentem confortáveis no ambiente corporativo a ponto de vestirem a camisa da empresa e dar o seu melhor, precisam se atentar a essa questão.


Em outros momentos aqui no site do Caderno Nacional já falamos sobre a importância, estratégias e tendências para que as empresas melhorem a questão de atração e retenção de talentos.


E a necessidade de tudo isso fica refletida aqui, nesse número crescente de demissões voluntárias, e justamente por trabalhadores jovens e por trabalhadores pós-graduados, com um alto nível de capacitação.


Por isso, organizações que pretendem manter um quadro de colaboradores jovens, atualizados e especializados, precisam se atentar às necessidades desses grupos, ajustar ao clima organizacional e às políticas da empresa.


É preciso ver o que é possível encaixar na cultura da empresa e fazer os ajustes necessários para atrair e reter esses talentos que já não se prendem por qualquer coisa no mercado de trabalho.

Informe-se sobre o mercado de trabalho no Caderno Nacional 


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